Conto de Farsas - Capítulo Um (Parte 5)

em 8.10.13



(...)

"EVA MENDES FURTADO"

Posso dizer que quase surtei quando finalmente havia encontrado o quarto da minha mãe? Eu precisava vê-la, saber como estava. Saber qual era o estado dela. Deus, como eu estava feliz de tê-la encontrado naquele infinito de portas...
Girei a maçaneta e entrei no quarto de costas bem devagar, olhando o corredor com medo de ser pega. E se isso acontecesse, adeus visitinha para a mamãe. Fora de perigo (até que alguém entrasse para ver a paciente), fechei a porta e ao virar me deparei com o olhar de mamãe sobre mim. Ela parecia contente em me ver, eu podia sentir isso em seu olhar. Mesmo com toda aquela atadura cobrindo parcialmente seu lindo rosto, que agora ostentava pequenas cicatrizes e arranhões. Lágrimas brotaram dos meus olhos imediatamente.
Aproximei-me da cama, sentando na mesma. Foi difícil segurar as lágrimas ao ver minha mãe daquele jeito. Tão debilitada, dependente de aparelhos até mesmo para respirar.
Segurei o fôlego ao perceber o lamento silencioso em seu olhar. Sentia-me tão inútil por não fazer nada para ajudá-la naquele momento. Encostei seus dedos em meus lábios levemente, vendo algumas escoriações nos menos. Mamãe fechou os olhos e uma lágrima escorrera pelo canto de seus olhos. Aquilo doeu em meu coração. Talvez ela já soubesse sobre o meu pai ― não que a tivesse contado, mas pode ter ouvido alguém comentar.
Segurei as lágrimas mais uma vez, quando ameaçaram cair.
― Tudo bem, mamãe – tentei sussurrar, mas havia algo em minha garganta que impedia o processo. – Estou aqui, não precisa se preocupar com nada...
Seus olhos oscilaram, remexendo-se por entre as pálpebras semi-serradas. Seus lábios entreabriram-se, ela queria dizer-me algo.
― Shh, mamãe – disse, tocando-lhe os lábios. Ela não podia se forçar a tanto. – Não se esforce, precisa descansar. Como quer ficar boa para ver a Claire? – Tentei sorrir logo após o comentário, e tenho certeza de que o sorriso saiu desajeitado. Mas não me importei, queria transparecer calma e segurança para ela, que precisava de mim agora mais do que nunca.
Depois de um longo momento olhando para sua mão e acariciando a mesma, sua mão apertou a minha levemente. Olhei para seu rosto, sua expressão era tristonha e lágrimas ameaçavam cair de seus olhos. Era doloroso vê-la naquele estado, mas eu tinha de ser forte.
Mamãe começara um acesso de tosse, tentava falar-me algo, mas para ela parecia ser algo impossível de se fazer.
― Ma-marjorie... cuide... Claire. ― a tosse começava a se agravar a cada vez que tentava falar, ocasionando palavras entrecortadas.
― Não diga nada mamãe, por favor – Era difícil controlar as lágrimas. ― Não se force mais... Por favor, mãe.
Seus olhos agora pareciam saltar das órbitas, tamanha era a força com que tossia. Segurei em seu peito para que recostasse na cama e gritei por ajuda, enquanto via minha mãe se debater num ataque convulsivo. Só então percebi a mancha de sangue que escorria do canto de sua boca devido à força brutal com que veio a tosse.
Apareceram três enfermeiros no quarto. Um deles me puxou pelos ombros dando espaço para que passassem e pudessem atender a minha mãe. Gemi de dor ao sentir a agulha repuxar em minha veia com o movimento brusco. Mas a dor da agulha em minha veia não era nem de longe pior comparada à dor que eu sentia em meu peito. Era fato que eu já não conseguia controlar minhas lágrimas.
Deus do céu... O que estava acontecendo com ela?
― Mãe! – gritei ao ver que tentavam controlar as tosses dela. Ela me direcionou um olhar doloroso, lágrimas copiosas escorriam de seus olhos. Um dos enfermeiros me tomou pelos braços e eu me debati tentando me desvencilhar de suas mãos. Uma enfermeira se aproximou de mim e só então percebi o que havia em suas mãos. Uma seringa. – Não, por favor...
Ela me olhou de jeito penoso, mas ainda assim pude sentir a picada da agulha em meu braço, que estava firmemente preso entre as mãos do outro enfermeiro. Por um momento pensei que poderia resistir ao efeito do medicamento, mas foi impossível... Sentira um torpor tomar conta do meu corpo aos poucos sem me dar chance de pensar no que estava acontecendo. Antes de apagar, a última coisa que consegui ver foi a vida de minha mãe se esvair de seu corpo. Mesmo inconsciente de modo parcial, ainda conseguia sentir as mãos do enfermeiro me sustentando. Sentia meu corpo sendo carregado, ouvia vozes ao longe. Até o momento em que não era mais possível manter nenhuma conexão com o mundo real...


Continua...



Espero que tenham gostado. Sei que demorei séculos para atualizá-la, mas estava esperando o momento certo para fazer isso. E vi esse dia era hoje. Desculpem-me.
Enfim, aí está! Não esqueçam de comentar, isso me deixa muito feliz.

Beijos, até amanhã!

4 comentários:

  1. Nenhum filho gosta de ver a mãe a sofrendo, Kyra obrigada pela visita também já estou te seguindo, te convido pra você participar do meu grupo Amigos no Facebook lá você pode divulgar o seu blog e fazer muitos amigos, se quiser é só clicar no link abaixo, fique com Deus beijos.
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    1. Obrigada, flor! *--* Muito obrigada pela visita. Vou aparecer por lá sim... rs <3

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  2. Olá!! amei tudo por aqui!! amei seu blog tudo lindo!!!
    Estava visitando blogs e vim conhecer seu cantinho...Parabéns pelo espaço e muito sucesso no seu blog...Te seguindo com os meus dois emails franci e francisca anselma e curtindo também avenida 47 com franci lourenço!!!



    Se puder seguir de volta e curti!! ficarei muito feliz por te ter em meu cantinho também!! te aguardando!
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    lindo final de semana!
    bjos

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    1. Obrigada pela visita, pode ter certeza que vou lá seguir e ainda vou comentar. Muito obrigada mesmo. Bom saber que existem pessoas que leem meu blog. <3

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