[Texto] À beira do cais

em 10.10.13



― Você não sabe o quão bem você me faz... - seu olhar era tão intenso, que eu podia jurar que a qualquer momento perfuraria os meus. - Sabe aquilo que te falei?
― O que, vida? - mexi o corpo entre seus braços, virando-me novamente para frente afim de aproveitar o restante do por do sol.
― Que se você fosse embora, ninguém ocuparia seu lugar. - pude senti-lo apertar ainda mais o abraço.
Sentira-me triste por ele pensar que algum dia iria abandoná-lo. Não havia possibilidade para aquilo acontecer. Era até terrível pensar na hipótese.
― Isso nunca vai acontecer...
― Mas se um dia acontecer, você já sabe da verdade. - sua mão apertou a minha levemente. Ele respirou fundo e pude sentir seu hálito tocar minha orelha com o ato. - Dizem que a sina do coração é se embriagar em várias paixões atrás do amor verdadeiro... só que com você só foi uma dose e eu fiquei bêbado de amor por você.
Não aguentei e tive que rir. Ele riu junto comigo, e me virei novamente para ele depositando um beijo em seu pescoço.
― Sabe, amor... eu fico pensando comigo mesma que se eu não tivesse te conhecido, minha vida continuaria sem graça. Eu não riria atoa só de pensar em nós. Não teria como lembrar de nós dois toda vez que assistisse a qualquer filme romântico. Não seria tão feliz como hoje eu sou por estar ao seu lado - Disse tudo de uma só vez.
Eu não seria nada sem você - ressaltou. Encarei-o nos olhos e o um sorriso divertido brincava em seus lábios. - Eu tenho muito a te agradecer...
― Você acrescentou muitas coisas a minha vida. Me faz feliz, me completa. - não sei o que havia dado em mim. De repente me baixou espírito de gratidão. - Quão sem graça seria a minha vida sem você...
― Você quer comparar uma árvore com uma floresta inteira? - ele disse, de repente.
― Sério que você quer imitar o diálogo de crepúsculo? - perguntei e ele riu.
― Ah, vai... Edward tem lá seus truques de conquista - Gargalhou. Encarei-o fingindo seriedade, fuzilando-o com o olhar. - Ok, parei. - prendeu o riso. 
Silêncio. Apenas ouvia-se o som da nossa respiração e do mar. A visão dali do cais era incrível, o sol pincelava o mar com suas cores. Uma bela obra da natureza.
― Tenho medo de às vezes ser pegajosa demais e você acabar enjoando de mim... - falei e recusei-me a encarar seus olhos dessa vez.
― Que besteira, vida... - encostou os lábios em minha orelha e beijou-a, deixando ali uma sensação de formigamento. - Eu nunca vou enjoar de você.
― É que é meio difícil não querer estar perto de você. - continuei, como se ele não tivesse dito nada. - Você é desejável de se estar perto.
Ele me abraçou um pouco mais forte e eu sorri. Ele me girou nos braços, exibindo um sorriso de canto para mim. Observei seus lábios se moverem quando umedeceu os mesmos com a língua. Se ele soubesse o efeito isso causa em mim, pensaria duas vezes.
  Aproximou seu rosto do meu e me beijou. Seus lábios eram quentes e macios sobre os meus, com movimentos suaves, pareciam milimetricamente planejados. Reconheceria seus lábios até mesmo vendada. Poderia ficar um dia inteiro assim com ele... 
Separei nossos lábios, algo não me incomodava em minha mente.
 ― Amor, o que você acha de mim agora? - perguntei meio hesitante. - Diga com toda sinceridade.
 ― Como assim? - ele quis saber.
 ― No geral. Sei lá... - desviei o olhar do seu. - Nem sei por que perguntei isso. Mas já que perguntei, seria bom ter uma resposta.
 Olhei-o de relance e seu olhar estava em mim. Ele respirou fundo. Sem resposta. Seus olhos desviaram-se para o mar, podia ver o horizonte refletir em seus olhos.
 ― Às vezes tenho uma impressão estranha de que você sente falta de como eu era antes. - falei, meio envergonhada. - Eu não queria mudar, foi aos poucos que as coisas mudaram em mim... e somente ontem percebi o que me tornei. Quando comparou-me à sua colega de sala.
 Lágrimas já embaçavam minha visão. Respirei fundo, um pouco decepcionada por ele ainda estar calado. Ele se mexeu, e não disse nada.
 ― Tenho medo de que... como eu sou agora... não seja do seu agrado. - continuei, segurando as lágrimas. - Algo dentro de mim deseja muito que tudo volte a ser como era antes. Não consigo me adaptar a essas mudanças... dói toda vez que briga comigo e pergunta "cadê aquela garota por quem me apaixonei?" Eu fico sem chão... sem saber como agir, sem saber o que dizer, quais palavras usar.
 Não conseguia mais respirar direito, as palavras saíam entrecortadas pelas lágrimas.
 ― Talvez as circunstâncias me fizeram mudar... algumas situações desconhecidas me fizeram mudar. E isso mudou nosso relacionamento...
 Ele se moveu novamente, o suficiente para que pudesse me olhar nos olhos. Suas mãos estavam em cada lado do rosto. Com o polegar, enxugou minhas lágrimas.
 ― Aprendi que "nem sempre a vida é como sonhamos, mas acredito que viver é um mistério lindo que se renova a cada dia... Portanto, se em algum momento a vida não for como você sonhou, não desanimes, pois a cada dia renasce a esperança de que o amanhã será bem melhor" - ele disse e sorriu. Deu-me um selinho e continuou: - Não existe "não mudar'! 
 ― Como assim?
 ― Pra tudo temos que mudar, senão nunca evoluiríamos. Sabe, às vezes eu me pergunto a mesma coisa. Penso "poxa, queria que isso voltasse". Mas pare e pense, antes não tínhamos tanta intimidade como hoje temos. Antes não discutíamos, hoje sim. Estamos nos preparando para uma coisa mais séria. Como o casamento. - ele fez uma pausa. Olhou fundo em meus olhos. - Então qualquer diferença temos que por em mesa! Não é a questão: o amor da gente está mais fraco ou está acabando? Mas sim a resposta: nosso amor está amadurecendo. É como uma criança. Quando ela é pequena, você não bate, chama a atenção. Pois sabe que ela está nova demais pra aprender assim! Mas quando a criança cresce, você sabe que só chamar a atenção não vai adiantar. É assim com o nosso amor. Ele está crescendo, então se não discutirmos, nunca vamos aprender e nosso amor vai crescer de qualquer forma. Entendeu?


   Ninguém me faria mais feliz do que ele me faz. Nem se juntasse todos os gentlemen do mundo, ainda assim não haveria ninguém igual a ele. Ele é único.
Sentada na beira do cais, recordava-me daquele momento único em minha vida. Realmente, se ele me deixasse, ninguém conseguiria ocupar seu lugar em minha vida e me fazer feliz como ele me faz. 




É isso, amores! Espero que tenham gostado do texto. E não esqueçam de comentar.
Beijinhos! 



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